quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Para Aylan e Abdulla



Hoje derramei lágrimas pelo pequeno Aylan. Seu corpinho inerte na costa da Europa chocou-nos.
E chocou-nos porque nós, ocidentais, não podemos suportar a barbárie. Desacostumamos.

Mas há um outro motivo. Chocou-nos porque de alguma maneira nos identificamos com ele, e esta é a única forma de amar ao próximo, nos enxergarmos no próximo, nos vermos, egoisticamente, no outro. Eu vi meu filho ali deitado. Eu me vi em seu pai.
E nesta história de tantos vilões eu vi um herói, Abdulla, seu pai. Herói porque, cercado de Islam, de guerra, de fome, de desesperança, ele pegou o que tinha de mais precioso, sua família, e arriscou tudo pela esperança, pelo sonho, de alcançar um futuro melhor. E ele se agarrou à tábua de salvação que é o mundo e a cultura ocidentais, que é o mais próximo que existe nesta terra da utopia do Cristo Nazareno, Galileo. Sim, porque o tão criticado mundo "ocidental", a cultura judaico-crista, é a única esperança para estas pessoas. Sim, porque o ocidente só é que é graças ao cristianismo. Ao cristianismo que há dois mil anos atrás já falava sobre a fraternidade entre os homens, sobre ao cuidado com seu semelhante, sobre a igualdade de gêneros, sobre a solidariedade, a assistência social, tudo isso que hoje, apesar de distante ainda, continua buscando alcançar. E apesar de resistir, renegar isto, foi o Cristo que apontou o caminho. A forma e a maneira de um mundo melhor.
Foi atrás disso que este herói arriscou tudo. Ainda que um mar bravio se interpunha. Mas o herói é aquele que enfrenta as maiores dificuldades, os maiores desvios, pela justiça e paz.
E como acontece com os heróis de verdade, às vezes, não acaba tudo bem. As vezes o final não é justo.

Eu confesso, no lugar dele eu teria feito a mesma coisa. Até porque sabemos que o fim de Aylan, ainda que absurdo, ainda que trágico, foi menos absurdo e menos trágico do que ter ficado à mercê do Estado Islâmico. Lágrimas para o pequeno Aylan, solidariedade amigo Abdulla.
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terça-feira, 10 de julho de 2012

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Nós somos aquilo que compartilhamos



O fato de esta animação ser vencedora do Oscar/2012 será seu menor mérito depois que você assisti-la.
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terça-feira, 26 de abril de 2011

O fundamentalista


Você reconhece a imagem acima? São as extintas Torres Gêmeas de Nova York.

A foto foi parte de uma peça publicitária para um livro que está, de certa maneira, ligado ao evento ocorrido em 09/11. Ainda sobre o assunto: você é capaz de responder quem é o homem descrito nas características abaixo?

-É um fundamentalista radical.
-Seu maior objetivo: derribar definitivamente um dos pilares da sociedade ocidental e mesmo mundial.
-Ele deseja calar a todos que pensam diferentemente dele.
-Ele não acredita nos valores das pessoas que se opõe aos valores que ele defende.
-Ele não hesitaria em utilizar a força para impor suas crenças, caso tivesse oportunidade.
-Aquilo que ele acredita é a única maneira correta para se viver, não existe opção.
-Deseja banir de instituições de ensino os que não comungam de suas crenças. Todos os que pensam diferente dele deveriam ser impedidos de lecionar

Você, muito, mas muito provavelmente, pensou em Osama Bin Laden, não é?


E você errou, este homem é Richard Dawkins.

Richard Dawkins é um inimigo da fé. Literalmente. Postula que a fé é causa de retardo evolucionário da humanidade. Ele argumenta que caso não houvesse religiões nossa sociedade daria um salto evolucional considerável, fruto de vantagens advindas de sua inexistência e erradicação. Ele não é só um anticristo, é antimaomé, antibuda, anti-qualquer-coisa-que-evoque -qualquer-ser-superior. Ele é um novo-ateu.

Diferente de outros militantes ateus que enxergavam na religiosidade um freio moral da sociedade e que, mesmo não crendo, apreciavam a existência da crença como catalisador de paz e bem desta mesma sociedade (e o eram amistosos) o novo-ateu Dawkins é beligerante e defensor do uso de ferramentas político-sociais (pelos menos no princípio) para erradicação da fé e da religião. Planta as sementes da eliminação de conceitos relacionados ao divino, ao religioso, ao sobrenatural. Em suas palavras “a fé religiosa (seja qual for a denominação) não é apenas uma ilusão inofensiva, mas um delírio nocivo do qual a sociedade precisa ser curada.”Isto é dito em seu documentário – Deus uma ilusão- ipsis litteris.

Para Dawkins pessoas como eu, você ou qualquer outro que tenha uma crença religiosa e pratique fé é um humano inferior que precisa ser eliminado, que precisa ser curado. Ele é um fundamentalista ateu.

E como todo o fundamentalista ele é incapaz de conviver, de respeitar, os que pensam de maneira diferente. Como todo fundamentalista o seu pensamento constante é destruir o pensamento distinto, custe o que custar. Ironicamente Dawkins possui uma fé cega.

E ele não está sozinho, nomes como Sam Harris e Christopher Hitchens, entre outros, são algumas das faces públicas deste já organizado, atuante e influente grupo e que comunga desta mesma fé cega no anti-religiosismo.

Esta radicalização me leva a uma pergunta:

O que o difere de Osama Bin Laden? O que o difere de Adolf Hitler? Hitler era um fundamentalista da eugenia. O que o difere de membros ativos da Ku Klux Klan? O que o pode diferenciar de tantos e tantos outros fundamentalistas?

Na verdade, apenas uma coisa, o poder. Não duvide, se o tivesse o usaria.

A foto acima é parte da publicidade de seu livro mais vendido. E tenta transmitir a idéia de que as torres ainda existiriam se o mundo não tivesse religiões, se não houvesse homens religiosos.

Realmente, pode ser. Mas também não teríamos homens como o reverendo Martin Luther King Jr. e o que ele conquistou para os negros americanos, ou Mahatma (isto é um título sacerdotal) Gandhi e o povo livre Indiano. Ou Madre (opa! Outro título sacerdotal) Tereza e seus milhares de miseráveis acolhidos e humanizados. E tantos outros... só para começar.

Eu sou um homem de fé e de razão, um homem de ciência e religião, engenheiro e sacerdote. Acredito que a fé e a razão são complementares e dependentes, e não conflitantes a não ser por extremismos, por radicalização. Não somos plenos sem um, não somos plenos sem outro. Precisamos de ambos pois são pilares, são colunas, são torres da alma e da sociedade.

Dawkins de muitas maneiras é como Osama, diferentes são as torres que ele gostaria de derrubar.


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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deus é brasileiro?





“Deus é brasileiro” dizem as línguas (não sei se boas ou más, depende). Minha teoria é que estão erradas, que Ele não é.

Deus não é brasileiro porque Ele não quis levar sempre vantagem, em tudo. Pelo contrário, Ele se despiu, se negou, se rendeu. Abriu mão de sí mesmo, de sua Glória, de seu direito, de sua divindade para habitar entre nós, homenzinhos cheios de nós mesmos, de vanglórias e nos achando deuses. Então “que vantagem Inês leva?” Nenhuma, Jesus não levou nenhuma. Deus não tem nada com Gérson, Deus não pode ser brasileiro.

Deus não é brasileiro porque Ele não gosta de ”dar um jeitinho”. Ele sempre faz o que deve ser feito, certo e sem concessões. “Não tem como aliviar?”. Não. “A gente não pode conversar?”. Não. Quer dizer, conversar até pode mas não vai dar em nada porque com Ele é sim, sim e não, não. Qualquer “talvez”, qualquer “quem sabe” vem do Maligno. E Deus não tem nada com o Maligno, Deus não pode ser brasileiro.


Deus não é brasileiro porque Ele não “se dá bem sempre”. Deus não é brasileiro porque Ele não “puxa para o pirão dele primeiro se a farinha é pouca”. Deus não é brasileiro porque Ele não começa o ano “para valer depois do carnaval”. Deus não é brasileiro.

Talvez apenas uma coisa possa desmentir minha teoria. Se “sou brasileiro e não desisto nunca” até pode ser que Ele seja. Ele não desiste nunca de nós!

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Caçadores de pérolas

“… Naquela mesma noite escrevi minha primeira história (…) era um pequeno conto meio soturno sobre um homem que encontra um cálice mágico e fica sabendo que, se chorar dentro dele, suas lágrimas vão se transformar em pérolas.

Mas, embora tenha sido sempre muito pobre, ele era feliz e raramente chorava. Tratou então de encontrar meios de ficar triste para que as sua lágrimas pudessem fazer dele um homem rico. Quanto mais acumulava pérolas, mais ambicioso ficava.

A história terminava com o homem sentado em uma montanha de pérolas, segurando uma faca na mão, chorando inconsolável dentro do cálice e tendo nos braços o cadáver da esposa que tanto amava…”

Khaled Hosseine – O caçador de pipas

Tive uma percepção triste neste conto. Um alerta e não uma crítica.

A essência, o cerne da estória é: conquistar e acumular valores materiais, a qualquer preço, a qualquer custo, mesmo que se perca aquilo que mais importa.

Pareceu-me muito familiar e muito contemporâneo...

Não consigo deixar de ver na estória acima alguns de meus primeiros mestres na fé, muitos dos heróis da minha então nova espiritualidade.

Gente que eu acordava cedo para assistir, ouvir e aprender na TV aos sábados e domingos pela manhã, no começo dos anos 90. Homens e mulheres que andavam humildemente com seu Deus e eram, para nós os pequeninos sedentos de Deus, o modelo e exemplo a ser seguido de relacionamento, fidelidade, dignidade e felicidade espiritual.
Mas em algum momento perceberam que as lágrimas, que desgraças, que infortúnios da vida, tinham um “valor” e, estes mesmos homens e mulheres, aqueles então servos de Deus, pouco se importando hoje que todos, cristãos ou não, testemunhem que eles, com o cadáver do Cristianismo nos braços, transformam o choro dos necessitados em vantagem própria com um único propósito, com um único objetivo , o de satisfazerem suas ambições pessoais.

Não consigo deixar de ver na estória algumas igrejas e alguns “ministérios” (eu disse alguns) criados com o único propósito de encher o cálice com pérolas e não com vinho. Os que criaram tais ministérios entendem a igreja como o “cálice mágico” e que as lágrimas dos desesperados são pérolas em potencial. Tenho a sensação de ver o Corpo de Cristo morto em seus braços, nos braços das igrejas vendedoras de prosperidade enquanto seguram suas salvas e seus gasofilácios transbordantes.

Não consigo deixar de ver na estória também multidões que buscam a Deus com o único propósito de acumular riquezas terrenas, saciar suas ambições, conquistar o que “lhes pertence”. E que nunca crescem, nunca percebem que o valor real está no Amado. Pensam buscar a Deus, mas estão a buscar o cálice e com ele apenas já estão satisfeitos.

Dizem buscar e amar a Deus, desejam na verdade pérolas.


E tantos outros paralelos...


Pergunto:

Estaremos livres de mesmo destino?
Será que esperamos apenas encontrar um “cálice mágico” adequado?
Será que almejamos as pérolas em vez do Reino?


Cabe a nós cuidarmos fazer a escolha correta: a simplicidade com Nosso Amado ou a riqueza, glória e poder com seu Cadáver nos braços.

Jesus também nos oferece pérolas mas destas os porcos não se agradam.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Não parece estranho?



Em 1093 a Holanda legalizou e permitiu a comercialização e o consumo de drogas em determinados estabelecimentos chamados coffee shops. Em 1994 a Inglaterra discriminou o transporte de pequenas quantidades para uso pessoal. Hoje, em quase toda a Europa, é possível consumir e portar pequenas quantidades de drogas sem risco de detenção. Isto se chama descriminalização do consumo de drogas, Ou seja, dês-criminalizou-se o consumo de drogas. Deixou de ser crime.


No território Frances é proibido pregar o Evangelho em locais públicos. Em 2003 o Parlamento Frances aprovou a proibição de símbolos religiosos nas escolas. Ficou vetado a qualquer estudante portar ou ostentar qualquer objeto que remonte a alguma profissão de fé a fim de proteger a Laicacidade do Estado. A pena para alunos que insistam em utilizá-los é a expulsão.

Nas escolas italianas proíbe-se que crucifixos sejam pendurados nas paredes (país de absoluta maioria católica romana e símbolo da fé desta maioria). A pena para a desobediência é substituição da direção da escola. Ou seja, criminalizou-se a fé. Passou a ser crime.


Escolha pós-moderna: criminalizar a fé, descriminalizar drogas.


Não parece estranho?


Em tempo, esta postagem é sobre escolhas, não sobre legalização, porte ou consumo de drogas.

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Dogmas: Liberté, Egalité, Fraternité


“Dogma é uma crença estabelecida ou doutrina de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerado um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. São considerados princípios fundamentais que devem ser respeitados por todos os seguidores dessa. Como um elemento fundamental o termo "dogma" é atribuído a princípios teológicos ou filosóficos que são considerados básicos, de modo que sua disputa ou proposta de revisão por uma pessoa não é aceita.” - Wikipédia

O fundo musical é La Marseillaise.

Que lindo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Estas três palavras são a base de toda uma ordem social e de pensamento, um alicerce de fé na humanidade e seu potencial. Seu berço é a França e sua Revolução: humanista, laica e iluminista. Um marco imutável que proclama os direitos humanos e seus ideais progressistas e positivistas, na certeza da evolução da humanidade.

E nestas semanas houve um posicionamento nesta luta pelos direitos humanos por parte do governo através de sua primeira dama Carlas Bruni. Uma carta em que condena veementemente a posição do governo do Irã em relação ao tratamento dado Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento segundo as leis islamicas pelo suposto assassinato de seu marido.

Só que Liberdade, Igualdade e Fraternidade parecem funcionar apenas quando no papel pois quando de serem aplicados parece que não funcionam muito bem, parece que seus defensores não são tão republicanos, tão humanistas assim. Serve para uns humanos mas não para outros...

Onde está a liberdade, a igualdade e a fraternidade na expulsão de ciganos do território francês ocorrida a algumas semanas atrás? Onde está quando setenta porcento da população francesa apoia tal medida?

Onde estão os demais países da Europa, paladinos da democracia e da liberdade? Onde estão os Americanos? Calam-se porque fecham sua fronteira com o México (e apenas com o México mas com o Canadá não) ferozmente e com a mesma devoção. Já ouviu falar em Guantânamo?


Pergunta: Quantas Sakines existem nos acampamentos ciganos, apedrejadas vivas em suas almas e nas almas de seus filhos e filhas rejeitados?


E há outras situações não exploradas pela mídia. Sabia que no território francês (onde todos deviam ser livres, iguais e fraternos) é proibido praticar é proibido pregar o evangelho publicamente? Que desde 2003 é proibido a estudantes e funcionários públicos portarem símbolos ou vestimenta religiosa sob pena de expulsão? E isto inclui o quipá judeu, o vel islâmico, o crucifixo... Sabia que agora em 2009 eles proibiram que mulheres muçulmanas de se vistam com a burca em qualquer local do território francês? Nem mesmo dentro de suas casas isto é permitido. Pena: expulsão. Quanto tempo até se proibir portar literaturas subversivas como a Bíblia?

Liberté, Egalité, Fraternité, à propos et toute Hypocrisie.



“Ceticismo filosófico é procurar saber, não se tentando com a ignorância fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, em que é possível conhecer a verdade.” - Wikipédia


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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Dogmas: Liberdade de Informação e Imprensa

“Dogma é uma crença estabelecida ou doutrina de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerado um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. São considerados princípios fundamentais que devem ser respeitados por todos os seguidores dessa. Como um elemento fundamental o termo "dogma" é atribuído a princípios teológicos ou filosóficos que são considerados básicos, de modo que sua disputa ou proposta de revisão por uma pessoa não é aceita.” - Wikipédia


A sociedade pós-moderna é grande defensora da liberdade de imprensa e da liberdade de informação.

É comum vermos chamar à Liberdade de Imprensa de Pilar da Democracia, consideram-na, em democracias republicanas, o Quarto Poder.

Países de todo o mundo, principalmente a América do Norte e os Europeus, criticam veementemente a politica de censura e restrição à informações praticada por países como a China, Irã e a Coreia do Norte.

Julian Paul Assange acreditou piamente no dogma pós-moderno-humanista-secular da Liberdade de Imprensa e da Liberdade de Informação. Tanto assim que fundou um sitio chamado WikiLeaks onde publica as informações que deveriam ser confidenciais.

Na minha desimportante opinião está a cumprir o propósito destas Liberdades que é informar.

Está preso. Mas não por isso!

Está preso porque é um pervertido sexual. Estuprou sem dó nem pena à duas senhoras.

Sim, Julian estuprou uma senhora chamada Hipocrisia e a outra chamada Mentira. Há rumores de que fez o mesmo com Dona Dissimulação. Além desses crimes já se sabe que ele abusou da senhorita Verdade, se engraçou com a senhorita Transparencia e ainda bolinou a pequena Esperança.

Pervertido! Não é sem razão que o Tio Sam, o marido delas, quer castrá-lo.


“Ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, em que é possível conhecer a verdade.” - Wikipédia


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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

E aquele que quer O ouvir ainda pode





(...)
Por que calas, Tu Senhor, e não respondes?
Como podes permitir tanta dor?
Onde está aquele Deus, o Deus de Elias?
Quanto tempo tardará o Teu Espírito em vir?

(...)
Deus ainda responde e aquele que quer O ouvir, ainda pode perceber
Sua voz de amor:

Como posso derramar do Meu Espírito se Meu povo não se volta para Mim?
Se imaginas tu ser varão valente Eu pergunto e tu respondes para Mim!
Onde estão aqueles homens como Elias que deixaram tudo por seguir a Mim?
Que romperam compromissos com o mundo só para agradar a Mim.

Onde estão aqueles três que em Babilônia preferiram ser queimados a ceder?
Onde está o Daniel que Me adorava, onde está a santidade de José?
Onde está o menino que matou o gigante? Onde estão os sucessores de Josué?
Onde estão as mulheres consagradas como Ester?

Se Meu povo se voltasse e Me buscasse renovando sua entrega e sua fé
Se Me amassem como amam seus caminhos
Se esquecessem seus rancores tão cruéis
Eu abriria as janelas dos Céus e dos Céus derramaria Meu poder...
Mesmo assim repito como no passado
Buscai a Fé! Buscai-a e bem! Buscai-Me e vivereis.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sobre o tempo


“Quando o orvalho caía sobre o acampamento à noite, também
caía o maná.” Nm. 11:7
Houve um pão dado por Deus. Dado todos os dias para seu povo peregrino no deserto. Dado enquanto o atravessavam, do Egito para a Terra da Promessa. Era chamado por este povo de "maná", pois eles não sabiam bem “o que era aquilo” quando o viram. Era como bolo de mel e azeite, estremamente agradável o seu sabor.

Todos os dias eles recebiam de manhã a porção para um dia...
Não podia ser armazedo para o dia seguinte posto que estragava e cheira mal... era a porção suficiente e diária. Guardada para o dia seguinte, estragava...
Somente a porção do sábado, a do Dia do Descanso do Senhor, deveria ser armazenada, e assim era conservada para o dia seguinte...

Deus continua dando maná para o seu povo.


Você recebe toda manhã maná... maná é tempo.


Todo dia Deus te dá tempo...


E tempo só serve para usar hoje, no presente, já...
O teu “hoje” que Deus te deu só serve para usar hoje, amanhã ele estragou e você o perdeu.
O único hoje que vira amanhã é o santificado para Deus, o sabático, o do Senhor...

Maná é tempo...

Tempo é o recurso mais valioso que temos. A coisa mais valiosa e especial que Deus nos deu. O tempo é um recurso finito, limitado, esgotável e não reciclável. Também não tem preço, não pode ser comprado nem vendido porque é intransferível. Nada é mais valioso que o tempo.

“O pão nosso de cada dia... ... nos dá hoje” Mt. 6:11

Aproveite bem a sua porção diária, seja feliz hoje, amanhã é outro dia...


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sexta-feira, 9 de julho de 2010

A verdadeira Igreja



Nós chegamos ao Hospital imaginando que sairíamos em duas horas. Saímos vinte e um dias depois, sendo doze deles na UTI. Um dos gêmeos teve febre na sexta à noite. No domingo à tarde estava com todo o seu pequeno pulmão direito tomado; pneumonia rápida, silenciosa, grave. O médico que o havia auscultado na sexta nada percebeu. Na noite de domingo o quadro piorara muito. Na segunda à noite seus rins ameaçavam parar, seu pulmão sofreu um edema e precisou passar por uma cirurgia de emergência para colocação de um dreno. Durante a madrugada também precisou receber sangue. Nós só fazíamos orar.

No decorrer daqueles dias recebemos muitas ligações, de conhecidos e desconhecidos, de gente próxima e gente distante, de gente que esperávamos e gente que não esperávamos. E esta gente toda fomentou uma rede de oração e jejum, ampla, intensa e muito consistente em sua determinação, muito clara em seus objetivos, muito firme em seus propósitos. Todos oravam comigo.

Além de orar minha mãe também ligou para umas senhoras que fazem orações através do telefone, missionárias, e alguns pastores daquelas igrejinhas pentecostais de portinha de garagem e que quando oram, em sua simplicidade de vida e fala, chamam pelo “Sinhô Deuzo”.

Meu irmão participava naqueles dias de um congresso da Assembléia de Deus onde também estavam alguns pastores amigos meus. Quando souberam, reunidos, e junto com mais outras duas mil pessoas, levantaram um clamor pelo meu menino ao “Amantíssimo e Soberano Deus”.

As colegas cristãs de trabalho de minha esposa ligaram para seus amigos e pastores das Igrejas Batista, Presbiteriana, Metodista. E todos invocaram ao “Deus Todo Poderoso”.

A babá das crianças e suas colegas da Paz e Vida iniciaram uma campanha de oração e jejum pelo menino, suplicando socorro ao “Deus dos Céus”, por todos os vinte e um dias.

Uma amiga que trabalha na diretoria da Rede Record comentou com um bispo da Universal que imediatamente, sem pestanejar, reuniu um grupo de pastores e outros bispos, se fecharam em uma sala e fizeram uma “oração forte ao Senhor Jesus”, sem interesse nenhum, sem nenhuma outra intenção, além de invocar a Deus para que aquela situação fosse revertida e nosso filhinho fosse curado.

Outros amigos, Carismáticos, participaram de seus grupos de oração e apresentaram o nosso filhote na campanha de intercessão ao “Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Amigos próximos ligaram do exterior, amigos a muito distantes posicionaram-se junto nesta hora. Também colegas de ministério, ex-colegas de ministério, ex-ministérios. E todos com uma mesma pegada, uma mesma fé. Fortaleciam-nos: “estamos orando, Deixa Deus ser Deus”, “o Senhor vai dar graça”, “Deus vai curar”.

Calvinistas, Arminianos, Adventistas, Congregacionais, Tradicionais, Renovados, Pentecostais, Neo-pentecostais, Católicos carismáticos... Tantos e tantos orando, invocando, pedindo, suplicando ao seu único e verdadeiro Deus por alguém que, alguns deles, nem mesmo conheciam mas identificavam como seu semelhante, como seu irmão, como filho de seu mesmo Pai e Deus. Sim, estas pessoas todas enxergaram em mim, em meu filho e minha família um seu próximo. E assim fizeram a vontade objetiva e última de Deus.

E tantos e tantos outros amigos e conhecidos e desconhecidos e gentes e gentes. Todos pedindo a Deus cura.

E Deus curou. Deus ouviu.

Qual ministério, qual igreja, Deus ouviu? Qual teologia Ele corroborou? Que modelo de oração foi o correto? A resposta é: não importa.

Mas quem Deus ouviu? A quem Deus atendeu?

Ouviu a todos os seus filhos espalhados por todos os grupos cristãos, sob todas as placas, sob todos os entendimentos, teologias e filosofias, e usos e costumes e sob as mais diversas tradições e interpretações.

Sim, pois Deus não afiança instituições, Deus não é avalista de Atas de Fundação ou fiador de Estatutos, mas é um Deus pessoal, íntimo, e próximo daqueles que O invocam... Permitindo por sua infinita graça, amor e misericórdia que lhe chamem Pai e a quem Ele chama filhos.

Quem Deus ouviu? A resposta: ouviu a todos. Deus ouviu os seus filhos, a sua Igreja, aquela que esta camuflada, imersa, porém viva e palpitante, dentro das instituições religiosas.

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Não há nada a temer

Edvard Munch - Golgota

“Não é para a morte esta enfermidade” disse Jesus e, contudo, Lázaro estava morto. “Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas eu vou acordá-lo do seu sono”. Como os discípulos não compreendessem a continuação, sem ambigüidades, Jesus disse-lhes: “Lázaro está morto”.
(...)
Note que Jesus trata a morte como algo não mortífero. Todavia, ainda que Cristo não tivesse acordado Lázaro, nem por isso seria menos verdade que essa doença, a própria morte, não é mortal!
Que proveito haveria para Lázaro ser ressuscitado para em seguida morrer?
(...)
Não, não é por causa da ressurreição de Lázaro que esta doença não é mortal, mas por Ele existir, por Ele.

Porque na linguagem humana a morte é o fim de tudo, e, como se costuma dizer: “enquanto há vida há esperança”. No entanto, para o cristão, a morte de modo algum é o fim de tudo. A morte implica para nós infinitamente mais esperança do que a vida comporta (até mesmo quando saúde e forças transbordam).
Nesse sentido nem mesmo a morte é algo mortal, e muito menos os outros sentimentos temporais [o são]: desgosto, enfermidade, miséria, aflição, adversidade, tortura do corpo ou da alma, magoas e luto. Nada é mortal aos olhos do cristão.
Pois essa é a forma magnânima como o cristianismo ensina ao cristão a pensar sobre todas as coisas deste mundo, inclusive a morte.
(...)
A diferença entre o homem natural e o cristão é semelhante à [diferença] da criança e do adulto. Nada é para um adulto aquela[s coisas] que fazem tremer a criança. A criança ignora [a verdade pelo desconhecimento] e [por isso] acha temerível, o adulto sabe [que não há o que temer].
A deficiência da infância está, primeiramente, em não conhecer o temerível, e em seguida, devido à sua ignorância, em tremer pelo que não é para fazer tremer.
Igualmente o homem natural. Ele ignora onde verdadeiramente jaz o horror [aquilo que ele deveria temer], o que, todavia não o livra de tremer [como fazem as crianças].
No entanto, é do que não é horrível [por não ter mais poder] que ele treme.

Soren Kierkegaard - O Desespero Humano


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terça-feira, 4 de maio de 2010

Discurso sobre a violência


“A violência não é uma preocupação exclusiva de um grupo. As vítimas da violência são negros e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos, famosos e desconhecidos. São, acima de tudo, seres humanos que outros seres humanos amavam e de quem precisavam.
O que foi que alguma vez se conseguiu com violência? O que foi que alguma vez (a violência) criou (de bom)?


Sempre que a vida de um homem é tirada por outro homem, quer seja em nome da Lei, quer em desafio à Lei; por um homem ou por um bando; à sangue frio ou numa fúria descontrolada; num ataque de violência ou em resposta a violência; sempre que destruímos a rede de vidas que outro homem, penosamente e com dificuldade, construiu para si e para os seus filhos, sempre que se faz isso, toda (a sociedade) se degrada, e, no entanto, parece que toleramos (cada vez mais) um nível crescente de violência que ignora a nossa comum humanidade e o nosso direito à civilidade.
Com muita freqüência honramos a agressividade, aceitamos quem usa da força. Com demasiada freqüência desculpamos os que querem construir as suas vidas sobre os sonhos destroçados de outros seres humanos. Mas uma coisa é certa: violência gera violência, repressão gera retaliação. Só uma limpeza (mental) de toda a nossa sociedade pode remover esta doença das nossas almas (esta tolerância para com a violência).
Porque quando se ensina um homem a odiar e a temer o seu irmão; quando se ensina que ele é um ser inferior por causa da sua cor ou das suas crenças, ou das suas posições políticas; quando se ensina que quem é diferente de nós ameaça a nossa liberdade, ou o nosso trabalho, ou a nossa casa, ou a nossa família, então também aprendemos a confrontar os outros não como concidadãos, mas como inimigos; não a negociarmos com paz, mas a vencermos com violência. (Assim) ao sermos subjugados e dominados (pelo medo) aprendemos finalmente a vermos os nossos irmãos como estranhos. Estranhos com quem partilhamos uma cidade, mas não uma sociedade. Homens ligados a nós por um espaço comum, mas não num esforço comum.
Aprendemos (sim) a partilhar apenas um medo comum, apenas um desejo comum de nos afastarmos uns dos outros, apenas um impulso comum de enfrentar o desacordo com a força.
As nossas vidas neste planeta são muito curtas, o trabalho (para melhorá-lo e) a ser feito é demasiadamente grande para deixarmos que esta situação (de violência) prossiga neste nosso mundo. Claro que não podemos bani-la com um programa de governo, nem com uma resolução judicial.
Mas talvez possamos lembrar-nos, mesmo que seja só por um instante, que todos os que vivem conosco (neste mundo) são nossos irmãos e que partilham conosco o mesmo curto momento de vida. Que eles procuram, como nós, apenas a oportunidade de viver as suas vidas com um propósito e com felicidade, conseguindo a satisfação e a (máxima) realização que puderem.
Certamente, este laço de destino comum, este laço de objetivos comuns, pode começar a ensinar-nos alguma coisa. Certamente podemos aprender pelo menos a olhar em volta, para o próximo e, certamente, podemos começar a esforçar-nos um pouco mais para sarar as feridas entre nós. E tornar-nos, dentro dos nossos corações, irmãos e companheiros de novo.”

Robert F. Kennedy
“On the Mindless Menace of Violence“, em 05/04/1968 - City Club of Cleveland, Cleveland, Ohio
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domingo, 14 de março de 2010

Jesus escolheu... [ parte II ]




E se Jesus fosse um nosso contemporâneo? E se a plenitude dos tempos fosse o agora? Se fosse hoje? Eu fiquei a imaginar quais seriam as escolhas que Ele faria.

Ele nasceria em Nova York ou Washington, sedes do Poder Político e Econômico do Império, no centro das decisões e das negociações, perto do poder e da força. Perto dos poderosos e dos fortes. De família influente, histórica, tradicional.

Escolheria doze dos melhores doutores de Harward, altamente capacitados, profundos conhecedores de toda a ciência, doutos em relacionamentos, doutos em línguas, os melhores entre os melhores para que seu legado fosse garantido.

Reunir-se-ia nos melhores restaurantes com os maiores líderes sociais e religiosos. Locomover-se-ia em seu jatinho particular pelos continentes, teria casas luxuosas nas principais cidades do mundo, faria palestras aos milionários arrecadando fundos para sua obra e proclamação de sua mensagem. Se vestiria dos melhores ternos, das mais exclusivas grifes, comprados nas melhores lojas dos melhores lugares. Circularia entre os poderosos e influentes, desfrutaria de seus iates, mansões e banquetes.

A cada cura e a cada milagre colocaria imediatamente em vídeo para propagar a todos o seu poder. Ordenaria que estes proclamassem, sob pena de perder a benção, a todos o que havia feito. Seus seguranças garantiriam distancia segura a fim de que ninguém o tocasse retirando dele virtude, ninguém o incomodasse e não desperdiçassem o seu caro e precioso tempo, com gente e assuntos pouco importantes.

Seria aclamado politicamente e conduzido ao posto de Supremo Líder Mundial, aceitando de bom grado a tarefa de resgatar os homens, sem sacrifício.



Se estiver levando a sério e não percebeu ainda, estou apenas sendo irônico. (Apesar de concordar que é algo assim, bem parecido, que a Teologia da Prosperidade ensina)



Jesus escolheu nascer em uma manjedoura, no chão de terra em berço tosco e colchão de feno, no campo, cercado apenas de natureza, de seu pai e mãe. Não escolheu o palácio, nem seus empregados, nem berço de ouro. Escolheu um lugar sem estrutura e conforto material, simples, discreto e rudimentar.

Jesus escolheu nascer e crescer na Palestina. Nasceu em Belém, cidade pequenina, e cresceu em Nazaré, pequeno vilarejo do menor estado da Judéia, a Galiléia. A própria Judéia um estado menor do poderoso e vasto Império Romano. Um lugar pobre, distante e desimportante. Não escolheu Roma, não optou pela proximidade aos poderosos, às facilidade da cidadania romana, às forças políticas e sociais, à nobreza ou riqueza herdada. Também não escolheu Jerusalém e o poder sacerdotal e espiritual que ela representa. Escolheu nascer e viver longe do poder, entre os pequeninos, entre os fracos e necessitados política e espiritualmente.

Jesus escolheu a Maria para ser sua mãe, simplesmente a jovem, santa e virgem Maria. Tão simples que nada mais temos a falar sobre ela. E por pai escolheu José, carpinteiro, temente a Deus, pobre. Não escolheu Herodes, não escolheu Caifas e nem qualquer outra família ou sobrenome importante que facilitasse seu caminho.

Jesus escolheu não ter mestres famosos, não estudou nos centros do conhecimento, não se rodeou de gente famosa e importante. Ele chamou doze homens rudes, pescadores e cobradores de impostos além de algumas prostitutas.

Jesus escolheu fazer uma revolução silenciosa, não armada, baseada no ensinamento, no exemplo, sem espadas, sem violência, sem nada mais que a Palavra. Como um carpinteiro que, camada por camada, transforma a aspereza em lisura. Não convocou às armas, não arregimentou exércitos, não forjou armamentos. Não se utilizou de força ou poder humano. Mas sem derramar uma gota de sangue, a não ser das suas, realizou a maior transformação cultural, racional, política, social e espiritual que já houve, que há ou que jamais haverá.

Jesus escolheu se sacrificar pelos seus semelhantes. Não escolheu ser conduzido ao trono em um cortejo pelos tapetes reais, preferiu as folhas de palma, e um jumentinho ao carro real. Não escolheu vestir uma coroa de ouro e pedras preciosas, escolheu uma de espinhos e sangue. Não escolheu os trono de ouro, mas sim o de madeira bruta.

Jesus, com estas escolhas, realizou a maior obra que a humanidade presenciou, teve uma vida plena, feliz e vitoriosa. Ele faz escolhas por nós também como: onde nascemos, em que família, que oportunidades teremos.

Porque continuamos achando que precisaríamos ser mais ricos, mais influentes, mais poderosos, termos nascido melhor, ou qualquer outra coisa, para sermos pessoas plenas e satisfeitas?

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Jesus escolheu... [ parte I ]



Jesus escolheu uma manjedoura… não um berço de ouro.
Jesus escolheu o campo e pastores... não um palácio.
Jesus escolheu Belém... não Roma.
Jesus escolheu Nazaré... não Jerusalém.
Jesus escolheu José e Maria... não Herodes, não Herodias.

Jesus escolheu a carpintaria... não a infantaria.
Jesus escolheu pescadores... não doutores.
Jesus escolheu a companhia dos publicanos... não dos fariseus.
Jesus escolheu os pequeninos... não os poderosos.

Jesus escolheu servir... não ser servido.
Jesus escolheu a palavra... não a espada.
Jesus escolheu convencer... não impor.
Jesus escolheu perdoar... não acusar.

Jesus escolheu uma jumentinha... não carruagem.
Jesus escolheu confrontar... não se calar.
Jesus escolheu se render... não reagir.
Jesus escolheu ficar mudo... não se defender.
Jesus escolheu espinhos... não ouro.
Jesus escolheu os cravos... não louros.
Jesus escolheu a cruz... não o trono.


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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sobre o futuro de meus filhos


Eu estou muito preocupado com o futuro de meus filhos. Estou realmente preocupado em que espécie de mundo eles crescerão, em que espécie de sociedade eles viverão dentro de algumas décadas.

De maneira nenhuma minha preocupação se baseia na direção que a humanidade esta dando ao meio ambiente ou quanto restará de natureza preservada no planeta. Não, não é esta a causa de minha preocupação, apesar de entender a importância deste assunto.

O que realmente me preocupa quanto ao futuro dos meus filhos é o fato de a Igreja estar fracassando em sua missão, de a Igreja falhar em seu principal propósito que é o de implantar o Reino de Deus na terra.
Sim, a missão da Igreja, “a grande comissão”, é ir por todo o mundo e espalhar a Boa, a Excelente Notícia. E qual é esta Notícia afinal? Que o Reino de Deus já está operante entre nós e é uma realidade por causa do Amor de Deus, que podemos proclamar a Utopia do Reino como uma possibilidade, que as obra do Nazareno continuam, maiores ainda, em e através de nós.

Sim e mais, a excelente notícia de que podemos ser, aqui e agora, nesta terra, a imagem e semelhança, ainda que por espelhos embaçados, deste Deus Pai. Sim, que podemos como Ele amar e orar pelos nossos inimigos. Sim, que podemos combater o mal com bem, que podemos suportar o peso e pagar o preço da opção por nosso Deus. Sim, que podemos estender a mão ao caído e podemos ter a mão a nós estendida se caídos, e sermos realmente próximos de todos que estejam próximos. E tudo isto simplesmente porque o Reino de Deus já esta introduzido entre nós. E desta maneira, o Reino entre nós, a Igreja, somos o modelo da Utopia do Reino, possível e real, para a sociedade.

Mas não é o que temos visto infelizmente. A Igreja nitidamente falha em ser o modelo deste Reino de Deus entre os homens, nesta sua suprema missão, e nossa sociedade dia a dia se corrompe, seus costumes deterioram e o amor diminui porque não enxergam na Igreja padrões de excelência a serem imitados.

A função da Igreja é introduzir o sal, é providenciar a conservação da humanidade (no seu pleno sentido). Sim, a Igreja tem falhado porque deixou de salgar, deixou de conservar os homens, por conseguinte a sociedade e, perante ela a igreja se tornou insípida, sem graças, sem apelo, sem obras e sem verdades (porque não as tem vivificado). E assim, sem o Sal, rapidamente esta sociedade se corrompe, se deteriora velozmente sua humanidade.

A igreja tem falhado não porque tenha deixado de apregoar uma mensagem, mas por simplesmente torná-la só e apenas uma mensagem e não um padrão de vida e comportamento moral. Tem falhado não porque não esteja fazendo prosélitos por toda a parte, mas por torná-los piores do que eram, mais religiosos porém menos humanos. Tem falhado não porque esteja tendo vergonha ou timidez, mas porque tem coragem de fazer publicamente as mesmas obras com os mesmos fins mundanos de seus contemporâneos pagãos e assim expõem o Evangelho ao escárnio e desdém dos que por Ele deveriam estar encantados. Tem falhado porque deixou a erva daninha, raiz de todos os males, ser plantada no bom solo de Deus, em seu lugar central, amando este mundo e as coisas que nele há, seus valores, seus princípios, seu culto ao ego.

Somos hoje Laudicéia, ricos miseráveis, visionários cegos, vestidos de nossa nudez.

É por isto que estou preocupado com o futuro de meus filhos. Que tipo de sociedade sem Deus a Igreja esta ajudando a criar (porque não se distingue Deus nela)? Que tipo de homens sem amor, piedade e misericórdia serão seus contemporâneos por causa de nosso fracasso como luz do mundo (porque não irradiamos tal luz, ninguém pode vê-la)? Que tipo de Igreja existirá dentro de algumas décadas se os valores não forem cambiados?

Isto para mim é assunto de primeira pauta, de total relevância, importância, gravidade e urgência.

E me recuso a não acreditar na Utopia do Reino, eu me recuso a não acreditar que o bem prevalecerá, eu me recuso terminantemente não acreditar no poder Reparador de Deus, mas me dou o direito de abrir o meu coração hoje e dizer que eu estou muito preocupado com o futuro de meus filhos.


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sábado, 5 de dezembro de 2009

Amor revoltante


Não. Eu nunca faria uma oração pelo meu corruptor, chamando-o de “instrumento de benção para minha vida”, principalmente após receber dele dinheiro sujo, propina, e pedir que ele fosse livre dos “homens malignos” que o estavam perseguindo... porque se eu tivesse a ousadia de fazer isto mostraria a total falta de respeito e total manipulação do canal mais preciosos de Comunicação que existe. Não demonstraria piedade e sim estupidez. A mais absoluta, completa e total estupidez espiritual, a mais profunda ignorância em relação ao que é sagrado e ao que é santo e a mais completa incapacidade de percepção moral. Mostraria, de maneira absolutamente constrangedora, que para mim a oração, e tudo aquilo que ela representa, seria apenas uma ladainha para camuflar o que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca embarcaria em um vôo com dinheiro escondido dentro da minha bíblia para burlar a alfândega e entrar em outro país com valores não contabilizado, não declarados e talvez não lavados... porque se eu tivesse a ousadia de fazer isto explicitaria a todo o mundo o tipo de relacionamento, respeito e reverência que teria por esta Santa Escritura e tudo o mais que ela representa e traz dentro em si. Mostraria, de maneira absolutamente cretina, que para mim ela, e aquilo que ela é e representa, seria apenas e simplesmente um invólucro para o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca colocaria políticos no púlpito/altar de minha igreja e lhes entregaria o microfone com o propósito de trocar os votos das “minhas ovelhas” “en-curral-adas” por vantagens pessoais e políticas... porque se eu tivesse a pachorra de fazer isso estaria exibindo a qualquer que tivesse "olhos que vêem" que permitiria profanado, maculado, o lugar da comunhão, o lugar de recebimento e oferta para Deus. Mostraria, descaradamente e impudicamente, que o valor daquele Lugar Separado, e tudo que ele representa, seria justamente este, servir aos meus interesses pessoais e assim alcançar o que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca receberia, buscaria, desejaria que alguém me chamasse de apóstolo e muito menos reivindicaria autoridade superior em função disto... porque se eu tivesse a ousadia de aceitar este título estaria declarando publicamente que me equiparo, que me nivelo, com homens do vulto de Simão Pedro, Paulo de Tarso, João Bar Zebedeu e seu irmão Tiago, que ocuparia o mesmo patamar deste santos homens. Seria pura, e simplesmente, insanidade porque aceitaria ser “em-titulo-ado” maior que Agostinho de Hipona, maior que Martinho Lutero, maior que João Calvino, maior que Wesley, que Knox, que Saymour, maior que tantos e tantos outros homens de Deus(que simplesmente ririam desta hipotética possibilidade, desde absurdo “ego-ístico”. Já imaginou como eles reagiriam? Dá outro texto). Demostraria, de maneira incrivelmente inescusável, todo o meu desprezo por aquilo que representa este título verdadeiramente e o tamanho de minha vaidade, o tamanho de meu ego, a soberba da minha alma. E por fim demonstraria aquilo que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” I Tm.6:9

Entendeu porque afirmo com convicção que "eu nunca"? Já me desiludiu tal amor.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Procissão dos Crentes



Os nossos irmãos Católicos Romanos têm o costume de seguir seus santos ídolos (objetos de veneração) em procissão pelas ruas da cidade em cima de carros com alegorias, a fim de exaltá-los e honrar seu nome em determinado dia, pretextando louvar a Deus.
Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos têm o costume de entoar cânticos durante estas procissões e manifestar sua dedicação publicamente.

Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos vendem, durante a passeata, lembranças, camisetas, e outros badulaques para ajudar as "obras assistenciais".

Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos fazem deste dia uma grande festa de alegria, de devoção e fé, pois receberão as graças espirituais de Deus pelo esforço e pelo sacrifício.

Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos não entendem teologicamente nem biblicamente o porquê de estar ali, e também não questionam; a interpretação correta das escrituras vem apenas ao Clero e os leigos não precisam entender, apenas obedecer para receber as bênçãos.

Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos não percebem, por ingenuidade ou ignorância, que estão servindo de massa de manobra, moeda política, para líderes interessados em conquistar prestigio e força junto aos governantes, conseguindo assim poder de barganha, e só isso.

Outros crentes também...

Os nossos irmãos Católicos Romanos nestas procissões não percebem que os organizadores privilegiam os importantes, os amigos, os parentes e os aliados com os melhores lugares, deixando a gente piedosa e simples nos últimos lugares, o seu devido lugar.

Outros crentes também...

Nossos irmãos Católicos Romanos não são, quando fazem estas procissões, desculpáveis, pois não ouvem o Espírito Santo, que está aqui para auxiliar a discernir os espíritos, nem a conferir na Palavra, lâmpada para os pés, qual a vontade de Deus.

E outros crentes também?


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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz?



Assim começa a canção de Janis Joplin composta em outubro de 1970. Nela Janis buscava criticar o materialismo da sociedade americana. De maneira contundente ironizava o egoísmo, a vaidade e a indiferença social das crenças religiosas da América. “Oh Senhor! Não vai comprar para mim uma Mercedes Benz?” indagava com sua voz rouca, cantando à capela, quase uma oração.

E a ironia contundente da canção estava justamente no fato de alguém pedir a Deus em oração de maneira (aparentemente) humilde, sincera e verdadeira, uma ostentação luxuriante, como se isto fosse algo natural (ou melhor, sobrenatural). No contraponto humildade-ostentação, suplica-conquista, necessidade-extravagância surge o constrangimento da situação e neste constrangimento está seu lado cômico e impactante.

Hoje não é mais cômica, muito menos impactante.

A ironia dentro da ironia é que esta mensagem deixou de ser constrangedora nestes nossos dias, em nossas igrejas, em nossas orações depois do surgimento da Teologia da Prosperidade. O que era vício assumiu a forma de virtude. Não uma, ou duas vezes, ouvi pedidos parecidos sendo feitos por sacerdotes cristãos em púlpitos e reuniões. Aliás, coisas do tipo “isto é carro para filho de Deus” ou “isto sim é carro de pastor” são até corriqueiras, comuns, justamente porque não se vê a luxúria, o culto ao ego e a vaidade da alma como sentimentos a serem combatidos.
Não entrarei no mérito de ser ou não correto, ser ou não legítimo, para um cristão possuir um carro de alto luxo. Cada um pode fazer o que bem entende com seu dinheiro. Principalmente se ele é fruto de trabalho honesto, árduo e dedicado.

O mérito a ser discutido e que deixa alguns cristãos incomodados é que a maioria das pessoas que freqüenta cultos não se sentiria constrangida com esta música. Os valores (aqui como qualidade daquilo que se valoriza, que se dá valor) do cristianismo evangélico ocidental se transformaram de tal maneira que abraçaram os valores mundanos. Novamente; aquilo que era vício se tornou virtude e isso transformou completamente o entendimento do que é certo ou errado em relação ao Reino e às palavras de Jesus.

A maioria das pessoas compreende o fato de que é lícito pedir a Deus o suprimento de nossas necessidades básicas ou a ajuda em coisas que são necessárias, importantes. O apóstolo Paulo nos ensinou a “fazer conhecidas de Deus as nossas petições”. O próprio Jesus, na oração modelo, nos ensina a pedir a Deus que supra as nossas necessidades. Note-se que a oração modelo diz “pão nosso para cada dia”, não caviar nem foie gras. Com simplicidade, humildade e sentido de coletividade nós podemos, e devemos, pedir coisas para Ele.
A maioria das pessoas também compreende que usar uma maneira legítima de socorro divino para fins menos nobres (no caso, coisas de nobre) não é muito ortodoxo. Tanto não é que a carta de Tiago nos ensina que tais orações simplesmente não serão atendidas. Este tipo de pedido demonstra o egoísmo, vaidade e soberba de quem o faz e Deus simplesmente não compactua com esta coisas.

A música de Janis quase pode ser confundida com louvor hoje em dia. Quase dá para tocar nas igrejas (Quase?). Porque a igreja incorporou os pensamentos que tentava despertar como incompatíveis com o Reino de Deus, ou seja, valore mundanos. Estes entraram no seio, no âmago da igreja.

Miserável Teologia da Prosperidade, maldito culto ao ego e à personalidade, maldita vaidade da alma. A teologia e o espírito destes dias conseguiram transformar a pobre e perdida Janis, na irmã Joplin...

A resposta para a “oração” dela hoje seria: Aleluia, irmã! Recebaaa!!!





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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Profeta é aquele que aponta o caminho...


O vídeo a seguir é parte da última ministração realizada pelo Reverendo Martin Luther King. Como em todas as outras ele falava com a inspiração, a paixão e a poesia dos profetas ancestrais, com a certeza de que a justiça pode e certamente prevalecerá.






"... Reverendo Ralph Jackson, Sr. Billy Kiles; eu poderia prosseguir com esta lista, porém nosso tempo é curto. Mas desejo agradecer a todos. E desejo que vocês (plateia) também agradeçam, porque muito frequentemente os pastores não se preocupam com mais nada a não ser consigo mesmos. E fico contente em ver um ministro valoroso.

É justo falar sobre grandes mantos brancos em algum lugar, com todo o seu simbolismo; mas, em última estância, as pessoas aqui (na terra) querem alguns ternos, vestidos e sapatos. Tudo bem se falarmos sobre ruas cobertas de leite e mel, mas Deus nos ordenou (como sacerdotes) para nos preocuparmos com os miseráveis e seus filhos, que não podem comer três refeições por dia. Tudo bem se falarmos sobre a nova Jerusalém, mas um dia os pregadores de Deus terão de falar sobre a nova Nova York, sobre a nova Atlanta, sobre a nova Filadélfia, sobre a nova Los Angeles, sobre a nova Memphis, no Tennessee. Eis o que precisamos fazer...

Não precisamos discutir com ninguém. Não precisamos praguejar e sair por ai agredindo as pessoas com as nossas palavras. Não precisamos de pedras ou garrafas. Precisamos simplesmente circular por ai (...) e dizer: Deus nos enviou aqui para lhes dizer que vocês não tratam bem os Seus filhos. E viemos aqui lhe pedir que o primeiro item de sua agenda seja o tratamento justo dos filhos de Deus.

Bem não sei o que acontecerá agora. Dias difíceis virão. Mas não me importo. Pois eu estive no topo da montanha. E não me importo. Como qualquer pessoa, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas não me preocupo com isso agora. Apenas desejo obedecer os designos de Deus. E Ele me levou ao topo da montanha, olhei ao redor e contemplei a Terra Prometida. Posso não alcança-la, mas quero que saibam, que nós, como povo (de Deus), chegaremos à Terra Prometida. Estou tão feliz. Não me preocupo com nada; não temo homem algum. Meus olhos viram a Glória da Presença do Senhor."

Reverendo Martim Luther King

3 de Abril de 1968, Templo Mason, Memphis, Tennessee. Pouca horas antes de ser assassinado



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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sobre Contos Infantis não tão infantis assim...


No famoso conto infanto-juvenil de Hans Christian Andersen “A Nova roupa do Imperador” um rei, a nobreza de sua corte e todos os seus súditos são enganados por dois trapaceiros.

Aproveitando-se da gigantesca vaidade do soberano e gabando-se de fabricarem trajes esplêndidos e tecerem os tecidos mais lindos que existem (e que possuem a rara qualidade de parecerem invisíveis aos pouco inteligentes e aos inaptos para suas funções profissionais) conseguem convencê-lo que podem, apenas com este tecido mágico, elevar a qualidade de vida e a figura real a um novo patamar.


O rei, entorpecido pela vaidade, entrega tudo que é solicitado pelos trapaceiros. Estes fingem trabalhar e tecer no tear vazio, cortar e costurar ao vento. Todos que presenciam a cena, do seu primeiro conselheiro ao tratador de cavalos, temendo serem rotulados, afirmam ver o tal tecido e a vestimenta por eles a se coser. Inclusive o rei que, mesmo sem enxergar, ou sentir, o manto e as roupas reais, se dispõe a desfilar publicamente para exibir as tais tão majestosas vestimentas, afinal, não podia passar-se por tolo, que não era, simplesmente por não ver, ou sentir, os vestidos.
Na hora do desfile e após o rei estar completamente “vestido” com o figurino invisível os cortesãos, responsáveis por carregar o manto, se abaixam solenemente e, segurando o ar, caminham atrás do imperador com pompa e nobreza. Todos que nas ruas observam o cortejo real enaltecem a beleza, os padrões e as cores do tecido, além de seu excelente caimento. Ninguém via a roupa, mas não se atreviam a dizer coisa alguma.
Até que um garoto, em sua inocência, grita: - O rei esta nu! O rei está nu!

Mas mesmo assim a procissão continua, pois o cortejo (assim como o show) não pode parar.

Apesar de este ser um conto infantil tem uma mensagem profunda e muito real. Sabe que muitas vezes eu tenho a impressão que muitos de nós, cristãos do século XXI, estamos dentro deste conto? É impressionante como ele retrata clara e fielmente a situação de crentes, ministros e ministérios, nestes nossos dias. Acho que poderia até chamar "A nova unção do Apóstolo" ou "O novo manto do Bispo". Deixa eu te mostrar os por quês desta impressão através de paralelos, das coisas comuns a ambos:
(Quando digo invisíveis, aqui e em qualquer local deste texto a partir daqui, quero me referir à ausência de evidência, de eficácia de transformação pessoal, familiar, social ou espiritual e não à incapacidade de algo ser percebido através da luz, o fenômeno físico que possibilita a visão)

1- Existem vendedores de tecidos invisíveis

Como no conto, existem pessoas e ministérios prometendo mantos, coberturas, e afins, ditos maravilhosos, inigualáveis, a um preço determinado e que são absolutamente invisíveis. Quantos ministros têm vendido a idéia de uma vida e de objetivos que não são biblicamente reais? Quantos ministérios estão oferecendo a seus membros um ensinamento ineficiente, que não é a eficaz e quiçá alcançável? Infelizmente vemos mercadores de ilusão que, se valendo das fragilidades da vida, de pessoas prisioneiras de seus vícios, reféns de padrões e cobiças mundanas, de modelos satânicos, vendem-lhes soluções que não solucionam, quebras que não quebram, veredas que não levam a lugar algum, e que servirão apenas para encher seus bolsos, gasofilácios ou egos.

2- Existem muitos que “vêem” a roupa invisível

Nesta categoria vemos dois tipos de pessoas. As que são ingênuas por serem débeis de entendimento e as que são omissas por qualquer que seja o motivo.

O primeiro grupo é composto de pessoas dedicadas e compromissadas, submissas a autoridades e operantes, mas que não alcançam uma transformação de seu estado de fragilidade em muitas situações de sua vida. Pessoas que não são livres, não se sentem plenas, não estão satisfeitas. Com sinceridade de coração agem por temor a Deus sofrendo do medo de homens que habilmente manipulam as escrituras com este propósito final. Estes são desculpáveis por serem incapazes de ver e entender. Realmente não enxergam.
Por outro lado, o segundo grupo, os que vêem e estão calados pela conveniência de permanecerem em silêncio. São aqueles que receberam a capacidade de ver, que foram agraciados, mas se mantêm em silêncio por que é conveniente, porque temem ser taxados. Na verdade protegem seu status, sua honra e notoriedade, não o Rei ou o Reino. Estes do segundo grupo são covardes e omissos, pois têm a capacidade de ver e de sua visão dependem os que são do primeiro grupo.
Esta covardia é a responsável final da exposição de qualquer nudez, principalmente a do Rei. Expõe a ignorância do povo ignóbil, a covardia dos sábios, a vaidade dos lideres. Expõe, afinal, toda sorte de nudez, menos a de caráter dos mercadores de tecidos invisíveis.

3- Existem poucos, bem poucos, garotos gritando

Os poucos meninos que ousam gritar e proclamar a nudez real são rotulados de hereges ou, com boa vontade, inocentes ou imaturos pelos outros envolvidos no negócio. Somente se esquecem estes acusadores de que, como ensinou Nosso Senhor, o Reino de Deus é dos tais meninos.
"Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos...vir a mim,
porque dos tais é o Reino de Deus" Mt. 19:14



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domingo, 6 de setembro de 2009

O fim é que importa...


"No dia da paixão de Cristo morreram quatro pessoas notáveis, de que faz menção o Evangelho. Morreu Cristo, morreram os dois ladrões e morreu Judas.


Ora notai a diferença dos princípios e fins de todos.

Cristo começou bem, acabou bem; o mau ladrão começou mal, e acabou mal; o bom ladrão começou mal e terminou bem; Judas começou bem e terminou mal. Tais são as contingências das cousas do mundo, e a pouca proporção que guardam os fins com os princípios.

Muitas vezes a princípios seguem-se bons fins, como em Cristo e a maus princípios maus fins, como no mau ladrão; e outras vezes pelo contrário a maus princípios seguem-se bons fins, como no bom ladrão e a bons princípios seguem-se maus fins, como em Judas.

Por isso quem quiser julgar bem, há de aguardar pelos fins."


Pe. Antonio Vieira - Sermões



Nota do editor português, Edição contemporânia:

De padre António Vieira disse Fernando Pessoa ser o «imperador da língua portuguesa». Jesuíta, orador e escritor, nasceu em Lisboa em 1608, e morreu em 1687, no Brasil, mais propriamente na Baía. Ordenado sacerdote em 1635, lutou empenhadamente pela realização de reformas económicas e sociais. Na sua oratória, conjugou visão e pragmatismo, como seria de esperar de um homem de acção. Com uma construção literária e argumentativa notáveis, os seus sermões revelam uma intensa ligação com a vida pública, o que resulta numa prosa eminentemente funcional mas que não perde nunca o nível de universalidade necessário a toda a obra de arte perdurável. Possuidor de uma inteligência poderosíssima, padre António Vieira arquitectou mundos à medida dos seus sonhos e deixou-nos como legado uma obra que se afirmaria como um dos paradigmas da prosa portuguesa.






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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O homem que tranformava


José era um jovem amado por seu pai e amado por seu Deus, ambos lhe davam atenção especial, um pouco, só um pouco a mais que a atenção que recebiam seus outros irmãos. Ocupava um lugar confortável dentro de sua família, era o primogênito de sua mãe, a esposa mais amada por seu pai, além disso, e principalmente, era o escolhido para ser canal de Deus, para se comunicar com os outros membros do clã. Isso tudo garantiria para José uma vida de sucesso e prosperidade, um futuro feliz e pacífico.
Além disso havia uma garantia divina, uma promessa, o próprio Deus havia mostrado em sonhos que ele seria um líder, o cabeça, o homem a ser reverenciado na casa.

E um dia dormiu sendo este alguém com um futuro muito especial...


Só que acordou no outro dia preso, em uma jaula de carroça, nu, traído e vendido pelos seus irmãos, sendo transportado para ser mercado como escravo numa terra que ele não conhecia, entre gente que ele não conhecia, com cultura e língua que ele não conhecia.
Agora estava sem família, sem seu pai e todo seu carinho, sem seu amor, sem roupas, sem posses, sem terra natal, sem cultura, sem língua, sem futuro brilhante, sem futuro de sucesso, sem futuro, sem prosperidade. José ficou sem nada. Tudo que lhe restara foi uma promessa de seu Deus.

Ele foi levado até o Egito e exposto em uma feira de escravos, comprado e enviado para a casa de Potifar, oficial capitão da guarda real de Faraó, rei de todo o Egito. José agora era um escravo, a menor posição social que existia naquela sociedade, e ainda um escravo novato, ou seja, o menor entre os menores. Como seria sua cama se é que havia uma? Qual a sua porção do alimento? E suas vestimentas? Definitivamente não era nada parecido com o futuro que ele esperara.

Então, depois de tudo isto, de tanta calamidade, de tanto infortúnio, no fim do dia, José sentou em seu cantinho, examinou sua situação e chorou a amargura da vida... Não. Chorou a injustiça da existência e o Deus que promete e não cumpre?... Não! José simplesmente não ficou se lamentando. José não ficou paralisado lembrando-se de sua situação passada e de como era feliz, não ficou preso ao seu passado. José definitivamente não ficou deprimido e desgostoso de viver.

José simplesmente se levantou na manhã seguinte e foi transformar...

Ele provavelmente recebeu a pior tarefa da casa, a que ninguém queria fazer. Aquela que um novato esperava outro novato chegar para se livrar dela, talvez uma tarefa de limpeza bem desagradável, o serviço que ninguém quer nem verificar se foi bem feito para evitar o desgosto. Mas José fez com dedicação e zelo. Fez como se estivesse fazendo para si mesmo, como se fora seu, mesmo que era de outro, mesmo que para outrem. Fez como se aquilo fosse a coisa mais importante a ser feita na casa, e na verdade era, era o local que José estava e o que lhe viera a mão fazer. E este cuidado foi percebido, não que ele fizesse para ser visto, esta era na verdade sua essência, isto estava em seu ser. Esta era a postura de José perante a vida, de transformar o lugar em que estava e tudo que estava a sua volta em algo melhor. Acharam um desperdício deixá-lo ali naquele trabalho desimportante, ele poderia fazer algo melhor, algo mais especial, ele poderia limpar e transformar em outra parte, fazer algo mais necessário. Em pouco tempo ele já cuidava da limpeza de toda a casa.

José não precisou minar a reputação de ninguém, não sabotou ninguém, não agiu com traição, não precisou fazer fofoca nem caluniar. José subia por sua dedicação a aquilo que fazia. José era tão correto e sincero nesta dedicação que seus superiores não se sentiam ameaçados. Passado mais algum tempo ele também começou a administrar a cozinha, em seguida os suprimentos, a casa precisava ser melhor municiada, e logo, ele era o governante, ninguém havia superior a ele naquela casa a não ser aquele que não podia ser substituído, o próprio Potifar.

Agora José tinha construído um ambiente de segurança, novamente era querido, novamente respeitado e gozava de preeminência entre seus pares, quase podia esquecer que era um escravo.

Foi dormir bem tranqüilo...

E novamente ele acordou sem nada. Sem justiça, sem voto de confiança, sem história ou lembrança e agora em um lugar muito pior, fétido, imundo, úmido e escuro. Sem cozinha, sem banheiro, sem a menor condição. Disputando com ratos seu alimento, se é que aquilo que serviam poderia ser chamado alimento. E ele percebeu que poderia ser bem pior do que já fora um dia, ele desejou estar na carroça de escravos novamente. E agora finalmente o mundo de José caiu e ele sentou e chorou... não!

José simplesmente se levantou na manhã seguinte e foi transformar...

Arrumou a cela e também o corredor. Não satisfeito arrumou as celas ao lado da sua, e as outras, e as outras e as outras... e em pouco tempo ele era o encarregado do lugar, era querido por seus companheiros de cárcere pois conseguiu melhorar a situação de todos ali. Tinha tanto a confiança dos administradores do cárcere que possuía liberdade dentro do aprisionamento e podia recepcionar os presos que chegavam...

E foi dormir e quando acordou... Mas esta já é outra história.

Sabe o que mais impressiona na vida de José do Egito? Por mais que sua situação fosse péssima, que ele fosse lançado em lugares abomináveis, ele sempre transformava o local onde estava. Não, José não ficava se lamentando, reclamando de sua sorte e vida, ou murmurando contra Deus e a injustiça da existência. Não, José não ficava inerte. José transformava a situação. Quanto mais a circunstância parecesse horrível, por pior que fosse realmente, o sucesso de José consistia no fato de que ele não se conformava, tomava a forma, da situação.

Ele aceitava sim aquela condição como algo real e presente naquele momento, tomando assim consciência da realidade, então encarava a dificuldade de frente e partia para transformá-la fazendo o seu melhor, com toda determinação e força até que ele gerasse saúde, sanidade, santidade e o que mais fosse necessário para o ambiente em que estava envolvido.

Não ficava pensando que o local onde ele estava não pertencia a ele, que em alguns anos ele não mais estaria lá, nem que a condição não era culpa ou problema dele, não desejava o pior para aqueles que dominavam sobre ele, não tratava com desleixo e relaxo as coisas que não lhe pertenciam. Ele cuidava de tudo como se cuidasse do que era dele, cuidava como se cuidasse do que fosse para ele. Também não ficava pensando no que ele merecia, que mereceria algo melhor. Não, ele transformava a situação para melhor. Se agora era um escravo e não mais o filho amado, ele será o melhor escravo a partir de agora. Se a cela era seu momento, sua cela seria a melhor cela da prisão, a mais limpa, a mais organizada.

Ele determinou que transformaria cada relacionamento, cada situação, cada lugar que estivesse. Ele transformava, para melhor, tudo e todos que tocava.

Será que nosso atual lamento não é porque estamos conformados com ele?
Será que não podemos determinar e agir para transformar o que esta ao nosso redor?

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Resumo da Ópera

"O Cristianismo concorda com o Dualismo em que o universo está em guerra, mas discorda que seja uma guerra entre forças independentes. Considera-a antes uma guerra civil, uma rebelião, e afirma que vivemos na parte do universo ocupada pelos rebeldes.
Um território ocupado pelo inimigo - assim é este mundo.
O Cristianismo é a história de como o rei por direito desembarcou disfarçado em sua terra e nos chama a tomar parte numa grande campanha de sabotagem. Quando você vai à igreja, na verdade vai receber os códigos secretos mandados pelos nossos amigos: não é por outro motivo que o inimigo fica tão ancioso para nos impedir de frequentá-la."

C.S. Lewis - Cristianismo Puro e Simples

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sábado, 25 de julho de 2009

Altar de Pedras Brutas

“Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas, pois se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás.” Ex 20:25

O altar é o lugar onde o humano se encontra com o Divino. Nele o homem oferece honra ao seu Deus e Deus manifesta ao homem sua aceitação. É o lugar da reconciliação e da purificação, da restauração e da comunhão, da instrução e da correção, da celebração do amor e da intimidade.




Altar é português do latim altarium, altare, lugar alto, elevado, mas, mais elevado e alto é o sentido do hebraico mizbeah, local onde se eleva, aludindo à fumaça da oferta que subia para os céus de Deus.
O altar é o local onde o homem se entrega a Deus e Deus se entrega ao homem.

“Façam o Altar do Senhor, o seu Deus, com pedras brutas, e sobre ele ofereçam holocausto ao Senhor, o seu Deus.” Dt 27:6 (NVI)

Rusticidade, essa é a essência de um altar conforme ensina a bíblia. É a única característica do altar que IHVH apresenta ao ser humano. Mas porque será que as pedras têm de ser brutas? Não lavradas, não lapidadas, não boleadas, não polidas, não trabalhadas com ferramentas nem esculpidas, apenas brutas, no seu mais primordial estado e forma, naturais, ásperas, sujas, opacas, informes, imperfeitas.

Qual a razão de o ser mais Digno do universo pedir um altar tão simples, tão rústico, altar sem beleza e sem glória? E mais, deixa absolutamente claro que neste, e apenas neste tipo de lugar, comunga com seus filhos, com seu povo, com sua gente, apenas deste tipo de lugar aceita as suas ofertas. Curioso como o encontro mais especial que um ser humano pode experimentar acontece num local que não tem a aparência nem glamour que a ocasião mereceria. Por que?

A resposta é simples: a única glória que pode haver no altar é a glória da presença do próprio Deus, a glória do altar é possuir a Glória de Deus.

Deus é a única e suficiente beleza, a única e suficiente atração, é a única e suficiente riqueza de seu altar. Não são necessários subterfúgios, não são necessários adornos. Nada além de Deus é preciso para tornar o altar o melhor, o mais agradável, o mais desejável, entre todos os lugares que existem simplesmente pelo fato de Ele estar presente ali para comungar com seus filhos.
Quando estamos perante o altar de Deus, nada, absolutamente nada mais importa a não ser a presença do Senhor. Se está frio ou está quente, se é confortável ou desconfortável, se está de pé ou sentando, se o local está cheio ou vazio, nada importa. Tudo deixa de ser importante perante a Absoluta Importância, a Absoluta Dignidade.

No altar de Deus as pedras são brutas e a madeira da cruz não aparelhada, o rosto sem maquiagem, a alma sem véu.

E qualquer tentativa humana para aperfeiçoar o altar, qualquer melhoria, qualquer benfeitoria, seria trabalho profano, seria ferramenta sobre a pedra, macularia esta formosura, dividiria a glória.

Quando homens e mulheres precisam de outros elementos no altar além de que a própria presença do Deus do Altar, quando as igrejas dependem de outros subterfúgios para atrair as pessoas ao altar, quando precisam de outro ornamento que não o Senhor, é porque, na verdade e infelizmente, não têm mais a Glória do Senhor.
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