Robert F. Kennedy“A violência não é uma preocupação exclusiva de um grupo. As vítimas da violência são negros e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos, famosos e desconhecidos. São, acima de tudo, seres humanos que outros seres humanos amavam e de quem precisavam.
O que foi que alguma vez se conseguiu com violência? O que foi que alguma vez (a violência) criou (de bom)?
Sempre que a vida de um homem é tirada por outro homem, quer seja em nome da Lei, quer em desafio à Lei; por um homem ou por um bando; à sangue frio ou numa fúria descontrolada; num ataque de violência ou em resposta a violência; sempre que destruímos a rede de vidas que outro homem, penosamente e com dificuldade, construiu para si e para os seus filhos, sempre que se faz isso, toda (a sociedade) se degrada, e, no entanto, parece que toleramos (cada vez mais) um nível crescente de violência que ignora a nossa comum humanidade e o nosso direito à civilidade.
Com muita freqüência honramos a agressividade, aceitamos quem usa da força. Com demasiada freqüência desculpamos os que querem construir as suas vidas sobre os sonhos destroçados de outros seres humanos. Mas uma coisa é certa: violência gera violência, repressão gera retaliação. Só uma limpeza (mental) de toda a nossa sociedade pode remover esta doença das nossas almas (esta tolerância para com a violência).
Porque quando se ensina um homem a odiar e a temer o seu irmão; quando se ensina que ele é um ser inferior por causa da sua cor ou das suas crenças, ou das suas posições políticas; quando se ensina que quem é diferente de nós ameaça a nossa liberdade, ou o nosso trabalho, ou a nossa casa, ou a nossa família, então também aprendemos a confrontar os outros não como concidadãos, mas como inimigos; não a negociarmos com paz, mas a vencermos com violência. (Assim) ao sermos subjugados e dominados (pelo medo) aprendemos finalmente a vermos os nossos irmãos como estranhos. Estranhos com quem partilhamos uma cidade, mas não uma sociedade. Homens ligados a nós por um espaço comum, mas não num esforço comum.
Aprendemos (sim) a partilhar apenas um medo comum, apenas um desejo comum de nos afastarmos uns dos outros, apenas um impulso comum de enfrentar o desacordo com a força.
As nossas vidas neste planeta são muito curtas, o trabalho (para melhorá-lo e) a ser feito é demasiadamente grande para deixarmos que esta situação (de violência) prossiga neste nosso mundo. Claro que não podemos bani-la com um programa de governo, nem com uma resolução judicial.
Mas talvez possamos lembrar-nos, mesmo que seja só por um instante, que todos os que vivem conosco (neste mundo) são nossos irmãos e que partilham conosco o mesmo curto momento de vida. Que eles procuram, como nós, apenas a oportunidade de viver as suas vidas com um propósito e com felicidade, conseguindo a satisfação e a (máxima) realização que puderem.
Certamente, este laço de destino comum, este laço de objetivos comuns, pode começar a ensinar-nos alguma coisa. Certamente podemos aprender pelo menos a olhar em volta, para o próximo e, certamente, podemos começar a esforçar-nos um pouco mais para sarar as feridas entre nós. E tornar-nos, dentro dos nossos corações, irmãos e companheiros de novo.”
“On the Mindless Menace of Violence“, em 05/04/1968 - City Club of Cleveland, Cleveland, Ohio
Nenhum comentário:
Postar um comentário