terça-feira, 26 de abril de 2011

O fundamentalista


Você reconhece a imagem acima? São as extintas Torres Gêmeas de Nova York.

A foto foi parte de uma peça publicitária para um livro que está, de certa maneira, ligado ao evento ocorrido em 09/11. Ainda sobre o assunto: você é capaz de responder quem é o homem descrito nas características abaixo?

-É um fundamentalista radical.
-Seu maior objetivo: derribar definitivamente um dos pilares da sociedade ocidental e mesmo mundial.
-Ele deseja calar a todos que pensam diferentemente dele.
-Ele não acredita nos valores das pessoas que se opõe aos valores que ele defende.
-Ele não hesitaria em utilizar a força para impor suas crenças, caso tivesse oportunidade.
-Aquilo que ele acredita é a única maneira correta para se viver, não existe opção.
-Deseja banir de instituições de ensino os que não comungam de suas crenças. Todos os que pensam diferente dele deveriam ser impedidos de lecionar

Você, muito, mas muito provavelmente, pensou em Osama Bin Laden, não é?


E você errou, este homem é Richard Dawkins.

Richard Dawkins é um inimigo da fé. Literalmente. Postula que a fé é causa de retardo evolucionário da humanidade. Ele argumenta que caso não houvesse religiões nossa sociedade daria um salto evolucional considerável, fruto de vantagens advindas de sua inexistência e erradicação. Ele não é só um anticristo, é antimaomé, antibuda, anti-qualquer-coisa-que-evoque -qualquer-ser-superior. Ele é um novo-ateu.

Diferente de outros militantes ateus que enxergavam na religiosidade um freio moral da sociedade e que, mesmo não crendo, apreciavam a existência da crença como catalisador de paz e bem desta mesma sociedade (e o eram amistosos) o novo-ateu Dawkins é beligerante e defensor do uso de ferramentas político-sociais (pelos menos no princípio) para erradicação da fé e da religião. Planta as sementes da eliminação de conceitos relacionados ao divino, ao religioso, ao sobrenatural. Em suas palavras “a fé religiosa (seja qual for a denominação) não é apenas uma ilusão inofensiva, mas um delírio nocivo do qual a sociedade precisa ser curada.”Isto é dito em seu documentário – Deus uma ilusão- ipsis litteris.

Para Dawkins pessoas como eu, você ou qualquer outro que tenha uma crença religiosa e pratique fé é um humano inferior que precisa ser eliminado, que precisa ser curado. Ele é um fundamentalista ateu.

E como todo o fundamentalista ele é incapaz de conviver, de respeitar, os que pensam de maneira diferente. Como todo fundamentalista o seu pensamento constante é destruir o pensamento distinto, custe o que custar. Ironicamente Dawkins possui uma fé cega.

E ele não está sozinho, nomes como Sam Harris e Christopher Hitchens, entre outros, são algumas das faces públicas deste já organizado, atuante e influente grupo e que comunga desta mesma fé cega no anti-religiosismo.

Esta radicalização me leva a uma pergunta:

O que o difere de Osama Bin Laden? O que o difere de Adolf Hitler? Hitler era um fundamentalista da eugenia. O que o difere de membros ativos da Ku Klux Klan? O que o pode diferenciar de tantos e tantos outros fundamentalistas?

Na verdade, apenas uma coisa, o poder. Não duvide, se o tivesse o usaria.

A foto acima é parte da publicidade de seu livro mais vendido. E tenta transmitir a idéia de que as torres ainda existiriam se o mundo não tivesse religiões, se não houvesse homens religiosos.

Realmente, pode ser. Mas também não teríamos homens como o reverendo Martin Luther King Jr. e o que ele conquistou para os negros americanos, ou Mahatma (isto é um título sacerdotal) Gandhi e o povo livre Indiano. Ou Madre (opa! Outro título sacerdotal) Tereza e seus milhares de miseráveis acolhidos e humanizados. E tantos outros... só para começar.

Eu sou um homem de fé e de razão, um homem de ciência e religião, engenheiro e sacerdote. Acredito que a fé e a razão são complementares e dependentes, e não conflitantes a não ser por extremismos, por radicalização. Não somos plenos sem um, não somos plenos sem outro. Precisamos de ambos pois são pilares, são colunas, são torres da alma e da sociedade.

Dawkins de muitas maneiras é como Osama, diferentes são as torres que ele gostaria de derrubar.

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