sábado, 5 de dezembro de 2009

Amor revoltante


Não. Eu nunca faria uma oração pelo meu corruptor, chamando-o de “instrumento de benção para minha vida”, principalmente após receber dele dinheiro sujo, propina, e pedir que ele fosse livre dos “homens malignos” que o estavam perseguindo... porque se eu tivesse a ousadia de fazer isto mostraria a total falta de respeito e total manipulação do canal mais preciosos de Comunicação que existe. Não demonstraria piedade e sim estupidez. A mais absoluta, completa e total estupidez espiritual, a mais profunda ignorância em relação ao que é sagrado e ao que é santo e a mais completa incapacidade de percepção moral. Mostraria, de maneira absolutamente constrangedora, que para mim a oração, e tudo aquilo que ela representa, seria apenas uma ladainha para camuflar o que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca embarcaria em um vôo com dinheiro escondido dentro da minha bíblia para burlar a alfândega e entrar em outro país com valores não contabilizado, não declarados e talvez não lavados... porque se eu tivesse a ousadia de fazer isto explicitaria a todo o mundo o tipo de relacionamento, respeito e reverência que teria por esta Santa Escritura e tudo o mais que ela representa e traz dentro em si. Mostraria, de maneira absolutamente cretina, que para mim ela, e aquilo que ela é e representa, seria apenas e simplesmente um invólucro para o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca colocaria políticos no púlpito/altar de minha igreja e lhes entregaria o microfone com o propósito de trocar os votos das “minhas ovelhas” “en-curral-adas” por vantagens pessoais e políticas... porque se eu tivesse a pachorra de fazer isso estaria exibindo a qualquer que tivesse "olhos que vêem" que permitiria profanado, maculado, o lugar da comunhão, o lugar de recebimento e oferta para Deus. Mostraria, descaradamente e impudicamente, que o valor daquele Lugar Separado, e tudo que ele representa, seria justamente este, servir aos meus interesses pessoais e assim alcançar o que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

Não. Eu nunca receberia, buscaria, desejaria que alguém me chamasse de apóstolo e muito menos reivindicaria autoridade superior em função disto... porque se eu tivesse a ousadia de aceitar este título estaria declarando publicamente que me equiparo, que me nivelo, com homens do vulto de Simão Pedro, Paulo de Tarso, João Bar Zebedeu e seu irmão Tiago, que ocuparia o mesmo patamar deste santos homens. Seria pura, e simplesmente, insanidade porque aceitaria ser “em-titulo-ado” maior que Agostinho de Hipona, maior que Martinho Lutero, maior que João Calvino, maior que Wesley, que Knox, que Saymour, maior que tantos e tantos outros homens de Deus(que simplesmente ririam desta hipotética possibilidade, desde absurdo “ego-ístico”. Já imaginou como eles reagiriam? Dá outro texto). Demostraria, de maneira incrivelmente inescusável, todo o meu desprezo por aquilo que representa este título verdadeiramente e o tamanho de minha vaidade, o tamanho de meu ego, a soberba da minha alma. E por fim demonstraria aquilo que realmente estou buscando, o que realmente me importa, o que realmente amo, a quem realmente sirvo.

“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” I Tm.6:9

Entendeu porque afirmo com convicção que "eu nunca"? Já me desiludiu tal amor.

2 comentários:

  1. De modo algum quero defender o Deputado Junior Brunelli, o tal que foi pego orando pelo dinheiro sujo, mas é fato, comprovado pelos arquivos da polícia federal que foram inclusive enviados para que fosse feita a matéria da Globo que o vídeo do dinheiro e da oração foram gravados com 3 anos de diferença. Neste caso ele não estava orando pelo dinheiro, mas pelo Durval que passava por problemas familiares.

    Como disse, não sei do caráter do pastor deputado, ainda mais pelo fato dele estar envolvido de alguma forma com este pessoal, mas a acusação dele ter orado pela propina foi armação da rede Globo, pois os dois vídeos foram gravados em épocas diferentes, em lugares diferentes e em circunstâncias diferentes, mas a Globo montou de modo que parecesse que um fosse feito imediatamente após o outro.

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  2. Obviamente o vídeo em que o deputado recebe o dinheiro é diferente do video da oração, a roupa e o ambiente são diferentes. Acontece que o do dinheiro, segundo o proprio Brunelli, é anterior ao da oração. Pergunto então: Oque o deputado quer dizer com "ele tem sido canal de benção"? Sabe quem são os tais "homens maus"? Os Policiais Federais. Eu ainda continuo achando uma oração descabida, e com valores invertidos!

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